sexta-feira, 14 de março de 2014

"Não Toco de Graça" - Calma!

Não tem um dia em que não me deparo com publicações em forma de ilustração, desabafo ou relato revoltado de músicos que explicam o porquê não tocam de graça.
Eu discordo desta atitude
Eu já vi todo tipo de explicação, mas não teve um só argumento que fizesse com que eu revisse minha opinião.

Eu concordo com a máxima popular (no meu caso, extremamente difundida por minha mãe) - “nessa vida, meu filho, há tempo para tudo!).
Veja, o músico profissional, realmente, se encontra em uma peculiar situação. É claro que para remover um rim, obturar um dente, desenhar um prédio, existe uma certificação que entrega apenas ao profissional devidamente qualificado a possibilidade de atuar em seu campo (graças a Deus, pois acho que ninguém gostaria de ser operado por um jovem que gosta de remover rins apenas por hobby).
Na classe dos Músicos, a certificação, ou autorização formal para exercer a atividade musical nem sempre é válida e/ou necessária.
Na maior parte das vezes (eliminando algumas situações específicas como lecionar em um colégio de ensino médio ou faculdade, por exemplo) o músico consegue exercer suas atividades sem uma “permissão. E eu percebo que é nesse momento que o mercado se dá ao direito de pagar por aquilo que gera resultado financeiro. Afinal não será o fato de um músico levar ao possível contratante seu diploma da faculdade de música que irá assegurar o contratante de estar fazendo um bom negócio.
O que fará valer a pena pagar bem ao contratado é o aumento da receita do estabelecimento, que poderá se dar de duas formas:
1)  O músico/banda é muito bom,  e os clientes vão ao estabelecimento para receber boa música.
2)  O músico/ banda não importa se é bom/boa, mas levará clientes ao estabelecimento.
Nossa que absurdo. Absurdo por que? A situação é bem simples. Brasil é o nosso país, não é a Alemanha, não é a Austria. Então encaremos o Brasil tal como ele é, com seu histórico, suas limitações etc.
O Brasil é um país capitalista (ponto). O sistema capitalista visa o lucro (ponto).
É claro que é possível não concordar com isso, mas sinceramente, eu não acho muito inteligente não concordar com essa realidade e continuar vivendo por aqui.
Agora vou ser mais pontual ainda. Um bar (barzihnho, pub, adega ou seja lá o que for) é uma empresa, num sistema capitalista, essa empresa irá continuar sobrevivendo, se, e somente se, gerar lucro (ponto).
Eu não me lembro de ver um local (bar ou qualquer negócio deste tipo) de médio ou grande porte com uma banda mais ou menos se apresentando.
Quando eu vou a um bom bar eu vejo boas bandas, quando eu vou a bares medianos ou ruins,  às vezes até vejo uma banda ou músico bom se apresentando, mas não é regra, geralmente o músico esta no mesmo nível do bar.
            Neste momento eu imagino que você percebeu que quem vive reclamando do bar que faz proposta para uma apresentação gratuita, ou quase, talvez ainda não tenha entendido esta realidade e talvez nem tenha a “certificação (imaginando uma certificação informal) para receber uma proposta melhor.
            As melhorias de pagamento/melhores propostas, ao meu ver ocorrem da mesmo forma que ocorrem em outros seguimentos de atividade.
            Para ficar mais firme minha posição proponho uma breve análise comparativa.

Um músico inicia sua jornada – Entra numa escola de música ou começa a estudar por conta própria, dentro de em média três anos ele pode ser um músico de médio nível, com repertório para tocar em um bar, por exemplo. Ele pode sair procurando um bar para tocar...

Um médico – Entra na faculdade de medicina e por lá passa seis anos, já quase no final de sua graduação ele é obrigado a por a mão na massa (estágio/trabalhar de graça, ou se for uma faculdade particular ele estará pagando para trabalhar).
Depois de muito trabalhar de graça, ele ainda precisa de especialização. Um médico vai começar a ganhar algum dinheiro cerca de dez anos depois de ter iniciado seus estudos.

Um músico – Dez anos depois de ter começado a estudar, ele esta esbravejando no Facebook.

         Pessoal, tocar e ganhar bem é parte de um processo. O mercado não é o ideal, está longe do que gostaríamos, mas ele tem suas necessidades e demandas.
Certamente ter experiência, competência, ser uma pessoa de boa convivência irá trazer seus frutos.

         Para tudo existe um tempo. Existe o tempo de ganhar bem tocando e existe o tempo de tocar de graça para aprimorar muitas habilidades.




See you