sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O artista e a difícil missão diante de sua obra


O artista e a difícil missão diante de sua obra.

     Aquele, que da arte vive, ou quer viver, precisa estar consumido por uma vida repleta de excessos e com a alma fumegante, para que possa criar com verdade. Eu já pensei muito isso, você não?
Quando a arte está no coração, nós vemos arte, respiramos arte e queremos ser consumidos por ela. Consumidos. É ai onde mora o perigo!
Quem está consumido por trabalho gratificante está criando com verdade. Quem encontra-se consumido por qualquer outra coisa, pode até estar criando com verdade no momento, mas, em breve, estará indo ao hospital cuidar da saúde.
Achar que a devoção desmedida traz o elemento vital para a pura criação, ou qualquer bobagem derivada, é uma grande burrice.
E o que confunde ainda mais? Os grandes artistas que admiramos e viveram de forma entregue, e que foram para outro plano, um tanto prematuramente.
Não se engane, quando pensamentos desse tipo navegam pelos oceanos da imaginação, temos outras referências à observar. Até cito algumas:
Eric Clapton, um dos artistas que mais admiro. Teve durante muitos anos uma queda pelo consumo excessivo de álcool, além de outras substâncias. Mas ele parou. Parou de verdade. E sua obra? Nunca fluiu tão bem!  Após o guitarrista restabelecer o controle sobre sua vida nos anos 80, e, até hoje Clapton comanda um grande festival de música, o Crossroads. Não para por aí. Ele grava anualmente com grandes músicos e continua fazendo shows (apesar de ter dado uma parada com as grandes turnês).
Dave Grohl, um roqueiro barra pesada. Nem tanto. O líder do Foo Fighters, também após entrar na linha, não para quieto. Turnês, gravações, produções com outros artistas, até a direção de filme o cara se meteu a fazer (assista Sound City #ficadica).
Bom, a lista não para: Paul McCartney, Mick Jagger, Eddie Vedder, Slash... Todos vivos, cuidando da saúde, da cabeça e altamente ativos.
Qual, então, o denominador comum entre etes artistas que admiramos e que produzem tantas coisas maravilhosas?
A atitude de fazer, apesar. Apesar do quê? Veja, eu nem completei a frase, apesar de nada. Eles simplesmente estão fazendo!
Olha o que acontece:
Temos uma idéia, então parece que a ideia é incrível. Então na hora de começar, e por em prática, da aquela travada, um monte de pensamentos, condenando, julgando, entram em ação. Nesse momento muitos param, quando deveriam continuar.
Eu tenho me forçado a continuar. Por muito tempo eu parava. Mas eu decidi continuar. E isso tem me trazido coisas incríveis.
Os adultos tem essa atitude feia, de não se permitir. Ter vergonha. Mas o artista não pode se dar a este luxo. Isso é para os trouxas, (parafraseando Harry Potter e dando um tom de ironia também rss, eu não me seguro).
O artista tem que se expor ao ridículo e  também expor-se a admiração.
As vezes é considerado ridículo, na seqüência genial e ridículo mais uma vez. Tom Jobim foi vaiado e morreu glorioso. Com muitos, aconteceu o contrário. E isso nao é o tipo de coisa na qual temos que pensar. Nós temos que produzir.
Produzir de forma saudável, que nos traga uma probabilidade maior de um futuro saudável, para que possamos continuar fazendo e sendo felizes, para que sejamos felizes agora.









sexta-feira, 9 de agosto de 2013

E estilo, você tem?

Nessa breve caminhada, de dez anos trabalhando profissionalmente no ramo da música, (dez anos??, isso mesmo, a Usina esta completando dez anos de atividade!) não teve como eu não ter conhecido de perto muitos músicos. Muitos mesmo!

E muitos paralelos, amiúde, foram traçados pela minha cabeça.
Que o esforço e principalmente a perseverança se refletem na qualidade do músico, bem, isto ficou evidente. 
Mas também, note, acabei por reparar que alguns "detalhes"ao olhar de uns, são fatores fundamentais e decisivos na carreira de outros, outros estes, que geralmente são os que estão com a agenda cheia de trabalhos.

O estilo. Quando digo estilo, não vejo que esse seja o momento adequado para refletir sobre estilos musicais. Digo O ESTILO. Estilo, em negrito, italico, e sublinhado. Você captou? Bem, se não captou é provável que você seja daqueles que esteja deixando de lado um fator nada irrelevante.

Quero contar duas breves histórias:

Há uns seis anos atrás, chegou na Usina (escola de música que fundei e dirijo) um rapaz de trinta e poucos anos. Ele queria aprender saxofone, e até já tinha comprado o instrumento.
Muito bem; matriculou-se e iniciou suas aulas. Em pouco tempo de estudo (nem seis meses) a amizade que tomei pelo rapaz e a empatia que constituímos, fez com que eu o chama-se para fazer uma banda de blues, e bossa-nova. 
Aí algo aconteceu. 
Veja só, ele naquele momento, não era um bom instrumentista, não poderia convencer a audição afiada de um músico profissional, no entanto, todas as vezes que empunhava seu instrumento de sopro para fazer uma apresentação, era sem dúvida a pessoa mais notada.
As poucas notas de escala que  sabia, não eram, de fato, o que fazia a diferença. O seu estilo, sim!
O rapaz tocava com gosto, mas ele dançava, trajava-se com um músico de Amy Whynehouse, usava um belo chapéu, sorria e conquistava a audiência.
E assim é até hoje. Não tocamos mais juntos, porém ele toca com muitos bons músicos, faz canjas em quase todos os bares da cidade, e é muito bem quisto por onde passa.
Hoje ele é um músico bem melhor. Ainda não seria aprovado em uma audição profissional, mas certamente seria eleito, pelo público, como um grande instrumentista.

E aquele super-hiper-ultra instrumentista que você conhece, que não toca nunca fora de casa, ele se veste como um? Se comporta como tal? Ele seria muito mais valorizado se tivesse um estilo bacana?

A segunda história é bem mais curta:

O cara não tinha o abdômen mais definido, nem era o mais forte, apesar do incrível fisico. Mas ele se preparava. Sabia o melhor angulo para ser fotografado, treinava os sorrisos, decorava os discursos de campeão.
E nos campeonatos lá estava ele. Entre centenas, ele se destacava, ficava sempre um pouco à frente da linha, no chão, para se que o público pudesse lhe ver melhor. Fazia poses que ressaltavam seus músculos mais bem trabalhados, não evidencializava de forma alguma algo que considerasse um problema em seu corpo.
Ele virou Arnold Schwarzenegger! E você achando que ele é o homem que teve o corpo mais bem trabalhado do mundo. (Bom, hoje tal osso rss)

Veja bem, nas duas histórias, o verdadeiro empenho em ser bom, estava presente. Nas duas histórias havia conteúdo a ser vendido. Mas, mais do que isso; nas duas histórias os personagens tinham um estilo. Um estilo que chamava atenção para seus pontos fortes, de forma que o espectador os diferenciava entre tantas outras pessoas.

Eu tenho mais uma dezena dessas histórias, dezenas de amigos que estão com agendas lotadas, por convencerem os pagadores de que são bons. É claro, no meio disso, muitos impostores acabam passando pela peneira, mas esta espécie sempre teve os dias contados, não nos preocupemos com isso.
Agora aqueles que se vestem fisicamente como bons, acabam vestindo a alma. E acabam realmente sendo fantásticos.

O que você vai me dizer de caras como: Slash, Steve Vai, Mozart, Ray Charles, Madonna; eles seriam tão incríveis se apenas fossem competentes e trabalhadores? Acho que não!

O que eu quero dizer pra você é:
- Seja o melhor que você puder naquilo que faz;
- Ta gordo e não é um cantor tenor, nem dono de loja de bolos? Vá correr!
- Cuide de seu estilo!
- Cuide de seu estilo!
- e Cuide de seu estilo!

Ninguém vai pagar bem, um músico de bermuda, um cozinheiro de sunga, um juiz de de moleton, ou um professor de chinelos.

Até!

AN